sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Laptops distribuídos a professores do RJ geram mais uma polêmica

Matéria publicado no jornal A Tribuna, de Niterói, em 07/08/2009:

Estado perdeu o controle dos laptops distribuídos
Texto: Pamela Araujo

O Estado pode ter perdido o controle dos 50 mil laptops distribuídos aos professores da rede pública, sob regime de comodato (cessão de uso), em 2008 e neste ano. Professores de colégios estaduais de Niterói estão sendo orientados a levarem o equipamento às unidades de ensino em que lecionam para realização de um cadastramento técnico do computador móvel. Mas os profissionais questionam que um termo já foi assinado durante a entrega do aparelho, e portanto, se recusam a levá-lo.

Segundo a coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE-RJ), Beatriz Lugão, o cadastramento reforça a ideia de que o equipamento não é do professor. “Se fosse do professor, não se faria tanta exigência, não se imporia tantas condições. Mas o estado recadastra tudo a todo o tempo, e nos leva a pensar o que aconteceu com o registro anterior. Ao mesmo tempo detêm um sistema informatizado, o próprio contra-cheque ilustra isso. Por que há controle para algumas coisas e para outras não?”, questiona.

Lugão rememora que o SEPE sempre foi contra a distribuição dos laptops, vistos como uma espécie de “cala boca” à categoria, que luta por reajustes salariais. “Ao invés de se discutir a questão do salário dos professores, foram investidos mais de R$ 70 milhões na compra de laptops, que não são dos professores, já que quando saem da escola estes têm que devolvê-los. Além disso, não queremos brinde, queremos salário. Esse dinheiro poderia ter incluído mais de cinco mil professores de 40 horas no plano de carreiras. Um salário digno permitiria que o professor comprasse não apenas seu laptop, mas livros e também assinasse jornais e revistas, enfim investisse na sua atualização. Outro fator que não foi pensado é que nem todos os professores têm carro e geralmente trabalham em mais de uma escola, e por isso a maioria não leva o equipamento para as aulas, com medo de assaltos”, afirma.


Para uma professora da Zona Norte de Niterói, que preferiu não se identificar, a entrega do laptop foi feita para promoção do Governo do Estado e na prática não funciona conforme o planejado. Ela se recusa a levar o computador móvel para cadastramento e afirma que outros profissionais também. “Essa história de laptop foi uma grande maquiagem para fazer propaganda do Governo do Estado. Tudo não passa de uma grande desorganização, bagunça. Se eles deram uma vez, para que precisamos agora levar o laptop para fazer uma coisa que já foi feita”, disse.


Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) informou que “está investindo amplamente na modernização das unidades escolares estaduais, e como primeira medida, começou a distribuir, no ano passado, notebooks para os professores da rede em regência de turma, com o objetivo de que eles acompanhem as novas tecnologias e tenham em mãos uma ferramenta do século XXI, para trabalhar com os alunos, no planejamento das aulas ou mesmo em casa”.

Segundo a secretaria, a entrega dos laptops aconteceu em regime de cessão de uso. No ato do recebimento da máquina, os docentes assinaram um termo de guarda e responsabilidade. Caso o profissional se aposente, ou necessite se afastar das atividades escolares por mais de 90 dias – conforme estabelece a Resolução 4198 - deverá devolver o equipamento à escola onde está lotado, a fim de que seja redirecionado a outro professor.

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